O vídeo compartilhado no LinkedIn (https://lnkd.in/dmnJXyxP), relatando a experiência de um ex-Oficial militar americano, recepcionado com um copo de isopor para um cafezinho ao invés da bela xícara de porcelana anteriormente desfrutada, oferece uma poderosa metáfora para a desumanização que indivíduos podem sofrer ao serem desligados de seus cargos e funções. 

A parábola do copo de isopor, somada às reflexões sobre o etarismo no mercado de trabalho, serve como ponto de partida para uma análise crítica dos impactos psíquicos, econômicos e sociais da despersonalização decorrente da perda de status quo e dos privilégios frequentemente associados à posição social.

A Parábola do Copo de Isopor

Na parábola, um oficial americano aposentado relata ter sido tratado como um “copo de isopor descartável” após deixar o serviço militar. Essa metáfora evidencia a perda de identidade, valor e reconhecimento que muitos indivíduos experimentam ao serem desligados de suas funções profissionais.

 Desumanização e seus Impactos Psíquicos

A despersonalização no contexto profissional pode levar a diversos impactos psíquicos negativos, como:

  • Baixa autoestima: A perda de status e reconhecimento profissional pode afetar significativamente a autoestima e a autoconfiança do indivíduo.
  • Sentimento de inutilidade: Ser desligado de uma função que ocupava grande parte da vida pessoal pode gerar um sentimento de inutilidade e falta de propósito.
  • Ansiedade e depressão: A desumanização e a instabilidade financeira podem contribuir para o desenvolvimento de ansiedade e depressão.

Desumanização e seus Impactos Sociais

A despersonalização no trabalho também pode ter impactos sociais negativos, como:

  • Isolamento social: A perda de contato com colegas de trabalho e a dificuldade em encontrar novas oportunidades podem levar ao isolamento social.
  • Prejuízos à saúde mental: O isolamento social e o sentimento de inutilidade podem contribuir para o desenvolvimento de problemas de saúde mental.
  • Desvalorização da experiência: A desvalorização de profissionais experientes, como no caso do etarismo, priva a sociedade de seus conhecimentos e habilidades.

Desumanização e seus Impactos Econômicos

A desumanização no trabalho também pode ter impactos económicos negativos, como:

  • Dificuldade em encontrar novo emprego: A discriminação por idade e a desvalorização da experiência podem dificultar a recolocação profissional.
  • Instabilidade financeira: A perda de renda e a dificuldade em encontrar um novo emprego podem levar à instabilidade financeira.
  • Aumento da pobreza: A desumanização no trabalho pode contribuir para o aumento da pobreza entre pessoas mais velhas.

Compreendendo a Complexidade:

Embora existam estudos que demonstram uma correlação entre a aposentadoria e o aumento do risco de suicídio, é crucial reconhecer que essa relação é complexa e multifacetada. Diversos fatores podem influenciar essa correlação, tornando difícil determinar uma relação causal direta.

Dados Estatísticos:

• Globalmente:  

  • Um estudo publicado no “The Lancet” em 2018, com dados de 19 países, indicou um aumento de 8% no risco de suicídio entre homens após a aposentadoria. 
  • Outro estudo, publicado no “Journal of the American Medical Association” em 2022, com dados de 12 países, encontrou um aumento de 13% no risco de suicídio entre homens após a aposentadoria.

• No Brasil:  

  • Dados do Ministério da Saúde de 2020 indicam que a taxa de suicídio entre homens com 60 anos ou mais é de 12,7 por 100 mil habitantes, a maior entre todos os grupos etários. 
  • Um estudo publicado na “Revista Brasileira de Psiquiatria” em 2019 encontrou uma associação entre a aposentadoria precoce e o aumento do risco de suicídio entre homens no Brasil.

Fatores de Risco Associados:

  • Perda de identidade e propósito: A aposentadoria pode levar à perda de identidade profissional e do senso de propósito, impactando negativamente a autoestima e a saúde mental.
  • Isolamento social: A redução do contato social após a aposentadoria pode aumentar o sentimento de solidão e isolamento, fatores de risco para o suicídio.
  • Problemas financeiros: Dificuldades financeiras na aposentadoria podem gerar estresse, ansiedade e depressão, aumentando o risco de suicídio.
  • Doenças crônicas: A prevalência de doenças crônicas aumenta com a idade e pode contribuir para o declínio da saúde mental e o risco de suicídio.

Prevenção e Apoio

É importante destacar que a aposentadoria pode ser uma fase positiva da vida, com mais tempo livre para hobbies, viagens e convívio social. No entanto, é crucial que indivíduos aposentados estejam atentos aos fatores de risco para o suicídio e busquem ajuda profissional se necessário.

Recursos de Apoio

  • Centro de Valorização da Vida (CVV): Ligue 188 para conversar com um voluntário sigilosamente 24 horas por dia, 7 dias por semana.
  • Centro de Atenção Psicossocial (CAPS): Unidades públicas de atendimento multidisciplinar gratuito para pessoas com transtornos mentais.
  • Disque Saúde (Ministério da Saúde): Ligue 136 para obter informações sobre saúde mental e serviços de apoio.
  • Setembro Amarelo: Campanha anual de prevenção ao suicídio que acontece em setembro.

Conclusão

A relação estatística entre aposentadoria e suicídio é complexa e multifacetada. É importante estar atento aos fatores de risco e buscar ajuda profissional se necessário. Há diversos recursos de apoio disponíveis para pessoas que estão passando por dificuldades na fase da aposentadoria.

A parábola do copo de isopor e a relação estatística referida acima servem como um lembrete dos impactos devastadores da desumanização no contexto profissional. É crucial que a sociedade se mobilize para combater o etarismo e outras formas de discriminação no mercado de trabalho, promovendo a valorização da experiência, do conhecimento e da dignidade humana.

Lembre-se: A vida é preciosa e sempre há esperança. Se você ou alguém que você conhece precisa de ajuda, não hesite em buscar apoio.

Referências:

  • Etarismo: o que é e como combatê-lo. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/etarismo.htm
  • Ser humano: o que é ser tratado pelo que você é de verdade?: https://lnkd.in/dmnJXyxP
  • https://www.abp.org.br/
  • https://www.gov.br/saude/pt-br
  • https://www.who.int/

Por: Adauto C. Santos, Teólogo, Professor de EBD e colaborador deste blog
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