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Breve análise das diferenças entre o cristianismo ocidental e do oriente, incluindo o impacto da Reforma Protestante
O cristianismo é uma religião mundial que abrange diversas tradições, denominações, culturas e expressões de fé. Embora compartilhem a crença em Jesus Cristo como o Filho de Deus e o Salvador da humanidade, os cristãos se diferenciam em vários aspectos teológicos e práticos, que refletem a história e o contexto de cada comunidade. Neste artigo, vamos fazer uma breve análise das diferenças entre o cristianismo ocidental e o oriental, incluindo o impacto da Reforma Protestante, que dividiu o cristianismo ocidental em católicos e protestantes.
O cristianismo ocidental é o termo usado para se referir à tradição cristã que se desenvolveu na Europa Ocidental, especialmente após o cisma do Oriente em 1054, quando a Igreja Católica Romana se separou da Igreja Ortodoxa Oriental. O cristianismo ocidental é marcado pela influência do latim, do direito romano, da filosofia grega e da cultura germânica. O cristianismo ocidental também foi afetado pela Reforma Protestante, iniciada por Martinho Lutero no século XVI, que contestou a autoridade do papa, a doutrina da salvação pelas obras, a venda de indulgências, entre outras questões. A Reforma Protestante deu origem a várias denominações cristãs, como luteranos, calvinistas, anglicanos, batistas, metodistas, pentecostais, etc.
Por exemplo, os luteranos afirmam que a salvação é pela fé somente (sola fide), sem depender das obras humanas ou dos sacramentos da igreja. Eles também rejeitam a veneração dos santos e das imagens sagradas, bem como a doutrina da transubstanciação, que afirma que o pão e o vinho se tornam o corpo e o sangue de Cristo na eucaristia. Os luteranos seguem o princípio da sola scriptura, que afirma que a Bíblia é a única fonte de autoridade para a fé e a prática cristãs.
O cristianismo oriental é o termo usado para se referir à tradição cristã que se originou no Oriente Médio, na Ásia Menor e no norte da África, e que se manteve fiel à Igreja Ortodoxa Oriental após o cisma do Oriente. O cristianismo oriental é marcado pela influência do grego, do direito bizantino, da filosofia patrística e da cultura eslava. O cristianismo oriental também inclui as Igrejas Orientais Católicas, que reconhecem a autoridade do papa, mas mantêm suas liturgias e tradições próprias. Além disso, há as Igrejas Ortodoxas Orientais, que não aceitam o Concílio de Calcedônia de 451, que definiu a natureza de Cristo como uma só pessoa com duas naturezas, divina e humana.
Por exemplo, os ortodoxos orientais afirmam que Cristo tem uma só natureza (miafisita), composta da união das duas naturezas divina e humana sem confusão nem separação. Eles também rejeitam a cláusula filioque, que afirma que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, pois consideram que isso compromete a monarquia do Pai como fonte da divindade. Os ortodoxos orientais seguem o princípio da santa tradição, que afirma que a Bíblia deve ser interpretada à luz dos ensinamentos dos pais da igreja e dos concílios ecumênicos.
As diferenças entre o cristianismo ocidental e o oriental podem ser observadas em vários aspectos, como:
– A compreensão da Trindade: O cristianismo ocidental enfatiza a unidade da substância divina, enquanto o cristianismo oriental enfatiza a distinção das pessoas divinas. O cristianismo ocidental também acrescentou a cláusula “filioque” ao Credo Niceno-Constantinopolitano, afirmando que o Espírito Santo procede do Pai e do Filho, enquanto o cristianismo oriental sustenta que o Espírito Santo procede somente do Pai.
Por exemplo, o Catecismo da Igreja Católica afirma que “o Espírito Santo é a terceira pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho. Ele ‘procede do Pai’ (Jo 15,26), que é a origem primeira e o princípio sem princípio de toda a vida trinitária. E ele procede também do Filho (Filioque), por meio do dom eterno que o Pai faz dele ao Filho. Enviado pelo Pai em nome do Filho (Jo 14,26) e pelo Filho ‘de junto do Pai’ (Jo 15,26), ele é revelado como outra pessoa divina.”
O Credo Ortodoxo afirma que “cremos no Espírito Santo, Senhor e Vivificador, que procede do Pai, que com o Pai e o Filho é adorado e glorificado, que falou pelos profetas. Não aceitamos a herética doutrina do Filioque, acrescentada ao símbolo da fé sem a aprovação da Igreja Universal, pois isso implica uma origem dupla para o Espírito Santo, contrariando a Sagrada Escritura.”
– A compreensão da salvação: O cristianismo ocidental tende a enfocar a salvação como um ato jurídico de Deus, que perdoa os pecados dos seres humanos por meio da morte expiatória de Cristo na cruz. O cristianismo oriental tende a enfocar a salvação como um processo de transformação dos seres humanos pela graça de Deus, que os torna participantes da natureza divina por meio da encarnação e ressurreição de Cristo.
Por exemplo, João Calvino, um dos principais reformadores protestantes, ensinou que “a justificação é o principal artigo de toda a doutrina cristã. É a aceitação com que Deus nos recebe em sua graça; é a absolvição pela qual nos livra dos pecados; é uma restauração à inocência e à pureza de vida.”
Gregório Palamas, um dos principais teólogos ortodoxos, ensinou que “a graça divina não é criada nem incriada; ela é divina e incriada, mas não pode ser chamada de Deus em si mesma. Ela é a energia divina que procede de Deus em um ato de sua vontade transcendente. Por essa energia Deus se comunica aos homens, dando-lhes uma participação de sua própria vida.” (2 Pedro 1:4)
– A compreensão do governo da igreja: O cristianismo ocidental atribui uma grande importância à autoridade do papa, que é considerado o sucessor de Pedro e o vigário de Cristo na terra. O papa tem o poder de definir dogmas infalíveis e de governar a igreja universal. O cristianismo oriental atribui uma grande importância à conciliaridade da igreja, que é formada pela comunhão das igrejas locais presididas pelos bispos. Os bispos são considerados os sucessores dos apóstolos e os guardiões da tradição apostólica. A igreja universal é governada pelos concílios ecumênicos. Já os protestantes assimilaram diversas formas de governo secular e as adaptaram às suas necessidades específicas, tais como concílios (Presbiterianos), igrejas locais autônomas (Independentes) e congregacionais (Batistas), sínodos episcopais (Anglicanos), etc.
Por exemplo, o Concílio Vaticano I (1870), convocado pelo papa Pio IX, definiu o dogma da infalibilidade papal, afirmando que “o Romano Pontífice, quando fala ex cathedra, isto é, quando no desempenho do múnus de pastor e doutor de todos os cristãos, define com sua suprema autoridade apostólica alguma doutrina referente à fé ou aos costumes para toda a Igreja Católica e deve ser crida como determinada por lei divina e católica. Assim, possui aquela infalibilidade com que o divino Redentor quis que fosse dotada a sua Igreja ao definir alguma doutrina referente à fé ou aos costumes; e, portanto, tais definições do Romano Pontífice são irreformáveis por si mesmas e não pelo consentimento da Igreja.”
– A compreensão da liturgia: O cristianismo ocidental adota uma liturgia mais simples e racional, que segue a ordem do missal romano. A liturgia ocidental é centrada na celebração da eucaristia, que é entendida como o sacrifício de Cristo atualizado no altar. O cristianismo oriental adota uma liturgia mais elaborada e simbólica, que segue a ordem do rito bizantino. A liturgia oriental é centrada na celebração da divina liturgia, que é entendida como a antecipação do reino de Deus na terra.
As diferenças entre o Concílio Quinissexto e o Concílio de Trento
– O Concílio Quinissexto foi um concílio ecumênico realizado em 692, convocado pelo imperador bizantino Justiniano II, para resolver questões disciplinares e canônicas da Igreja Oriental. Ele teve a participação de 226 bispos, principalmente do Oriente, e foi reconhecido pela Igreja Católica e pela Igreja Ortodoxa. Ele produziu 102 cânones que regulavam aspectos da vida eclesiástica, como o celibato clerical, a liturgia, a administração dos sacramentos, a veneração de imagens e relíquias, e as relações com os judeus e os muçulmanos.
– O Concílio de Trento foi um concílio ecumênico realizado entre 1545 e 1563, convocado pelo papa Paulo III, para responder aos desafios da Reforma Protestante e reformar a Igreja Católica. Ele teve a participação de cerca de 250 bispos, principalmente do Ocidente, e foi reconhecido apenas pela Igreja Católica. Ele produziu 25 sessões que definiram a doutrina católica sobre temas como a salvação, a justificação, os sacramentos, a missa, o purgatório, a veneração dos santos e das imagens, e a autoridade papal.
Essas diferenças, no entanto, não devem ser vistas como motivos de divisão ou de oposição entre os cristãos, mas como expressões da riqueza e da diversidade das tradições cristãs. O diálogo ecumênico entre o cristianismo ocidental e o oriental visa promover o respeito mútuo, a compreensão recíproca e a cooperação fraterna entre as igrejas, buscando a unidade na diversidade e a comunhão na caridade. O ecumenismo é um desafio e uma esperança para o cristianismo no século XXI.
No entanto, sob a perspectiva protestante, o esforço pelo Ecumenismo não deveria implicar qualquer concessão em relação aos princípios fundamentais do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme afirmados na Bíblia Sagrada, bem como nos cinco solas enunciados por Martinho Lutero (1483-1546), monge agostiniano alemão, e professor da Universidade de Witenberg, assim como constam nas suas “95 teses” afixadas em 31 de outubro de 1517, na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg na Alemanha, marco inicial da Reforma Protestante, preconizada anteriormente por diversos mártires.
Por: Adauto Santos, teólogo e professor. Texto elaborado a partir do mecanismo de busca Novo Bing da Microsoft (Inteligência Artificial)
Fontes: O artigo [Concílio Quinissexto] e o artigo [Concílio de Trento], ambos da Wikipedia.com; o artigo [Reforma Protestante]; o artigo [A Pré-Reforma Protestante] e o site [História do Cristianismo], que é um portal dedicado ao estudo da história do cristianismo em suas diversas vertentes. Esse site contém artigos, vídeos, podcasts, cursos e livros sobre o tema.